Relatório Capacitação – Introdução à Agricultura Sintrópica
16 Dec, 2022

Facilidatadores/as:
Pedro Teixeira e Carolina Barbosa

Duração
20 horas

Enquadramento
No âmbito do Projeto Ecoyouth, cofinanciado pelo progama Erasmus+ da União Europeia, realizou-se uma formação de “Introdução à Agricultura Sintrópica” em Muecate, Moçambique com agricultores, autoridades e uma ONG locais, criando sistemas agroflorestais que sirvam simultaneamente para produção de alimento e regeneração do solo. No total contou-se com 15 participantes e 3 locais de intervenção, sendo estes duas escolas e um campo de cultivo.
Esta formação surgiu através da constatação da necessidade de regeneração dos solos e reaproveitamento dos materiais disponíveis, visto que os campos de cultivo ficavam cada vez mais longe das casas da população devido às técnicas de cultivo atuais - solo descoberto, plantação em monocultivos, água sazonal, com necessidade de adubação industrial dispendiosa - que tornam com o tempo os campos inférteis. Enquanto que a matéria orgânica produzida pelo terreno é queimada e desaproveitada, sendo esta a principal fonte de nutrição de um local, segundo a agricultura sintrópica.

Aos 15 participantes da capacitação, na sua maioria agricultores, mas também alguns representantes governativos, foram partilhados os princípios da agricultura sintrópica, que lhes permitiriam aprofundar as suas técnicas no sentido de levantar uma floresta de alimento: usando restos orgânicos lenhosos, verdes e água para criar solo vivo a longo prazo, cobrindo o solo com capim para minimizar a perda de água e nutrir o solo, ao mesmo tempo que o protege e usando os vários estratos de flora (diferentes alturas), intercalando plantas rasteiras, pequenos arbustos, árvores de fruto, de médio e grande porte, alcançando a médio/longo prazo uma agrofloresta de alimento num ecossistema independente de insumos constantes de água e adubo.

Nas escolas os conteúdos lecionados e praticados foram referentes principalmente à erosão do solo, através das valas de regeneração que permitem infiltrar a água no solo, ao mesmo tempo que retêm os sedimentos (nutrientes) no local e providenciam alimento devido às plantas cultivadas na sua linha. Mas também sobre a importância da compostagem e a problemática dos plásticos.

Mais do que uma formação, foi uma troca de experiências, culturas e conhecimentos. Nós explicávamos que uma floresta é autossuficiente, não necessitando de elementos externos à mesma, enquanto num sistema agrícola o que acontece é o oposto (é necessário despender de imensa energia externa para o manter). Assim, imitando a natureza, trabalhando com ela (e não contra ela) juntamos os dois sistemas, criamos um único, biodiverso, regenerativo e resiliente - uma agrofloresta.

Enquanto que as pessoas locais, conhecendo as espécies com as quais coabitam desde sempre, nos mostravam quais as plantas que se adaptariam melhor às condições que nós pretendíamos e as suas características.

Entre a leve liberdade de um moçambicano e o disciplinado conforto de um europeu, haverá um caminho do meio pelo qual todos ganham: seres humanos e mãe natureza.

Objetivos
● Empoderamento dos agricultores locais
● Regeneração dos solos agrícolas
● Compreensão dos ciclos naturais
● Aumento da produtividade
● Aumento da sustentabilidade do negócio
● Aumento da biodiversidade
● Melhoria na gestão de resíduos
● Melhoria na gestão da água/rega
● Redução da erosão
● Educação ambiental
● Valorização e reconhecimento dos materiais disponíveis

Conteúdos
● interpretação e integração dos ciclos naturais
● sucessão natural
● regeneração de solos
● compostagem
● estratificação florestal
● camas de cultivo
● design de uma agrofloresta
● valas de regeneração

Materiais
Sendo um dos objetivos o reconhecimento e a valorização dos materiais disponíveis na
comunidade, todos os materiais utilizados foram recolhidos entre os diferentes participantes:
● ferramentas de agricultura disponibilizados pelos/as agricultores/as
● plantas de diferentes portes foram recolhidas dos vários locais de cultivo dos/as
agricultores/as
● matéria orgânica recolhida no local
Após a formação foram partilhados materiais digitais sobre os conteúdos lecionados numa
pasta online: https://mega.nz/folder/WrAzXaBJ#3xBU7Dws7bP6yVzY333zdQ